Realidade virtual a serviço dos mobile repórteres

Os mobile repórteres tornam-se testemunhas oculares da história e colocam-se no centro da notícia

A produção estratégica de conteúdo para multiplataformas está moldando uma nova forma de produção e distribuição de notícias. Espontaneamente surgem os mobile repórteres.

Qualquer pessoa que possua um smartphone pode se tornar um repórter amador. Testemunham crimes, manifestações populares, dicas de como fugir do trânsito e acidentes em real time. Seus conteúdos são disputados pela grande imprensa ávida por furos jornalísticos.

A notícia captada por um repórter amador tem lá suas vantagens. Além da exclusividade e da extrema rapidez com que chegam aos centros de distribuição, cria uma certa empatia com o público colocando-o no centro da notícia.

Compromisso com a verdade

Muito mais ágil e menos custoso para as emissoras que precisariam deslocar uma equipe com repórter, cinegrafista e áudio para a cena; a notícia captada por um mobile repórter vai rapidamente ao ar após ser checada pelos editores de acordo com o Código de Ética do Jornalismo – o Artigo 4 – Capítulo II “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação”.

O mundo está mudando rapidamente e as velhas mídias são compelidas a evoluir quebrando seus paradigmas. Os meios de comunicação estão aderindo a difusão da notícia por meio de imagens captadas por amadores. Um exemplo é a revista Time que permitiu fotografias tiradas por jornalistas amadores móveis para aparecer na capa – Capa da revista Time causa impacto nas redes sociais. A imagem foi feita pelo repórter amador Devin Allen, publicada originalmente na sua conta do Instagram. A Time acertou no alvo ao aceitar que um amador estivesse no centro da notícia, pois a matéria foi muito comentada e compartilhada em redes sociais.

 

Capa da Time: reportagem de capa desta edição trás uma cobertura dos conflitos entre a população de Baltimore e a polícia local
Capa da Time: reportagem de capa desta edição trás uma cobertura dos conflitos entre a população de Baltimore e a polícia local

Demanda por tecnologia

Segundo a pesquisa Mobile Report, da Nielsen IBOPE, 68 milhões usam a internet pelo smartphone no Brasil. As empresas de tecnologia estão ligadas nesse movimento e estão equipando celulares com cameras super potentes que permitem alta definição de imagem e som.

A pesquisa também registrou aumento do uso do smartphone online entre as pessoas de mais idade. Nas faixas etárias a partir de 35 anos, o crescimento médio no trimestre foi de 20%, enquanto entre adolescentes ficou em 9%. E também foi a primeira vez que a pesquisa registrou uma maioria feminina entre os usuários de internet pelo smartphone, com participação de 51%.

O professor doutor João Canavilhas, da Universidade Beira Interior, de Covilhã, em Portugal, pesquisador sobre webjornalismo e jornalismo para dispositivos móveis diz que desde 2009, a área tem crescido a um ritmo assinalável e destaca três fatores responsáveis: a rápida evolução tecnológica, o sucesso comercial dos dispositivos e a aposta dos meios de comunicação social neste novo e promissor mercado.

Os e-consumidores estão ávidos por tecnologia e estão cada vez mais exigentes. Se querem contar histórias cada vez mais reais – tanto jornalistas profissionais quanto os “repórteres amadores” precisam de tecnologia ainda mais sofisticada.

Realidade Virtual acessível

Por essa e por outras razões, os equipamentos de Realidade Virtual estão se tornando objetos de desejo. Os repórteres móveis precisam de headsets de realidade virtual para colocá-los no centro de uma notícia. E o mercado está pronto para fornecer essa tecnologia acessível.

O Oculus Rift headset de realidade virtual, comparado pelo Facebook em 2014 por US$ 2 bilhões, nem chegou ao mercado e vai competir com quase uma meia dúzia de outros equipamentos de Realidade Virtual feitos especialmente para dispositivos móveis, tais como o Samsung engrenagem VR, VR Zeiss One,Google Cardboard, o Archos VR e o Freefly VR. Mesmo custando US$ 600 a pré-venda do Oculus – edição do consumidor – foi tão grande que a data de lançamento foi adiada do primeiro trimestre para junho de 2016.

A mídia está pronta para receber os mobile repórteres (amadores ou não)

O New York Times enviou 1,2 milhões de kits de Realidade Virtual – headsets Google Cardboard – para seus assinantes a fim de promover o lançamento do seu documentário “The Displaced”. É um dispositivo de VR dobrával, com lentes de plástico que deve ser adaptado a um smartphone.

O que o Repórter Esso diria sobre isso?

A Realidade Virtual está apostando no usuário amador. Com o fone de ouvido, um smartphone com tecnologia de última geração, e um pouco de prática todos tem a oportunidade de se tornarem testemunhas oculares da história, como diria o Repórter Esso. É a democratização da informação.

Para matar a saudades do Repórter Esso a Jovem Pan fez um especial com Tuta e Nilton Travesso comentam e rememoram o clássico jornal dos anos 50 –“Testemunha ocular da história”; diretores relembram clássico “Repórter Esso”.

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