Por favor, salvem a informação – Uma crítica aos cursos de Comunicação no Brasil

Por favor, salvem a informação – Uma crítica aos cursos de Comunicação no Brasil

A informação precisa ser salva. E para que ela possa ser mantida em segurança, precisamos que grande parte dos cursos de Comunicação das universidades busquem se aproximar mais dos cursos de Ciência de Computação.  Por favor, professores. A formação de bom profissionais e a manutenção do jornalismo como um curso de respeito depende e muito disso.

“Hoje é essencial que um comunicador tenha conhecimento, no mínimo básico, de computação.”

A cada dia que converso com pessoas que estão se graduando ou que já se graduaram em comunicação, tenho essa impressão ainda mais forte. Muitos reclamam do modelo de ensino que é utilizado há mais de 20 anos. Gente! Em 20 anos tudo mudou.  Hoje é essencial que um comunicador tenha conhecimento, no mínimo básico, de computação. Os textos precisam seguir os preceitos de SEO e por isso, devemos entender por exemplos quais termos são indicados para indexar o seu conteúdo mais facilmente no Google. Ou, senão, entender, por exemplo, o motivo pelo qual uma imagem do seu site fica distorcida quando acessado por mobile. Os comunicadores, hoje em dia, são obrigados a saber isso, e quem não sabe está ficando muito pra trás e desempregado. Os americanos já perceberam isso. A universidade de Columbia, por exemplo, abriu uma dupla graduação, que abrange tanto jornalismo quanto computação, visando formar profissionais mais completos.

“O que fazemos, por exemplo, nas redes sociais, é ditado por algoritmos programados por alguém.”

Porém, parece que a academia brasileira insiste ainda em fechar os olhos para essa nova realidade e vive em um mundo mágico do jornalismo. Como já dizia Mcluhan, o meio é a mensagem. E o que eu chamo de meio não é o Facebook, Twitter ou algo do gênero. O que chamo de meio são os algoritmos que traduzem as imagens, textos, links, e demais elementos utilizados pelos pelas mídias. O que fazemos, por exemplo, nas redes sociais, é ditado por algoritmos programados por alguém. Como a pesquisadora holandesa Jose Van Dijck fala em suas obras, os seres humanos hoje nas redes sociais, são induzidos a fazerem ações quando em contato com um conteúdo. Você não curte algo por que quer, simplesmente. Você curte algo, pois um algoritmo te condicionou a apertar o botão de curtir para demonstrar que gostou de algum conteúdo. A plataforma, hoje, interage conosco. Ou melhor, ela escolhe a nossa maneira de interagir e de se comunicar.

Até a apuração de informações, atualmente, depende de um conhecimento informático maior.  O profissional de comunicação que sabe utilizar ferramentas de data mining e como trabalhar com elas, é capaz de produzir conteúdo mais qualificados e aprofundados. Porém, o que ainda se vê são que as universidades têm se mantido longe dessa evolução, não planejando, por exemplo, uma disciplina sobre monitoramento e métricas na internet.

Um apelo que eu deixo aos professores e universidades de comunicação nesse texto é: Por favor, deixem de lado o preconceito com o mercado e comecem a analisar a demanda das empresas. A fundamentação teórica é sim muito importante com toda certeza, mas a aplicação prática precisa ser urgente estudada e revista pela academia. Estamos formando profissionais que encontram no mercado um cenário totalmente diferente do visto durante o período de universidade e isso tem colocado em xeque a profissão do comunicador. Os cursos e workshop na área de comunicação aumentaram tanto assim por esse motivo. A dura e a triste e a realidade é que a maioria dos cursos no Brasil não conseguem formar profissionais para um mercado cada vez mais digital e com uma atualização cada vez constante. A comunicação e a informação estão passando por um período definição: ou nos aprofundamos e nos especializamos na área da computação, ou nos enfraquecemos e ficamos ultrapassados a cada dia. Cabe aos nossos pensadores decidirem esse futuro. A sorte está lançada e a cabe a nós aguardar para ver…

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