Superstorm Entrevista: Henrique Coelho

Superstorm Entrevista: Henrique Coelho

Pessoal, o Superstorm Entrevista de hoje é com um cara super gente boa e um jovem empreendedor, que aos 24 anos já criou duas empresas.

Henrique Coelho, criador do Pagar.me, fundou a Confianet, startup especializada na certificação de e-commerces.

Se você pensa em empreender e acha que é muito novo pra isso, leia esta entrevista até o final e se surpreenda com o que o jovem  Henrique Coelho diz pra você!

1 – Henrique, como foi seu início no mundo do empreendedorismo?

Comecei a empreender desde cedo. Quando adolescente, chamei um amigo que sabia criar sites e combinei com ele que enquanto ele desenvolvia, eu iria vender. No fim do dia ficava 50% dos lucros para cada um, era minha primeira sociedade. Mais tarde fui trabalhar na Wise Up, do Grupo Ometz, onde o empreendedor Flávio Augusto, fundador do Geração de Valor e proprietário do Orlando City Soccer me contratou pela Internet para aprender a trabalhar na área comercial. Lá descobri que eu poderia (intra)empreender, ou seja, empreender como executivo, dentro de uma empresa que não fosse minha. Mais tarde, 2 amigos me chamaram para começar o Pagar.me e depois fundei a ConfiaNet, então tudo foi meio natural, apesar de eu sempre ter procurado me envolver em assuntos de empreendedorismo, acho que as coisas acontecem quando você trabalha bem e se dedica em tudo que faz.

2 – Qual é a sensação de aos 24 anos ter a sua segunda empresa?

A sensação é de que eu deveria ter iniciado antes, não há idade para começar, se você tem vontade, comece com 8, 10 anos, a idade que quiser. Dar o start é o mais difícil, depois você vai aprendendo e vai continuar assim até morrer, o aprendizado nunca para.

3 – Aos 21 anos você foi um dos fundadores da Pagar.me, uma startup especializada em pagamentos online que recebeu mais de R$ 1 milhão de investimentos. Como foi os primeiros passos da Pagar.me?

No Pagar.me começamos com um sonho, muita vontade e pessoas boas. Eu olhava aquele time e pensava: é impossível dar errado, porque as pessoas eram excepcionais. Apesar de na época não sabermos muito bem como seria nosso produto, a certeza de que faríamos dar certo era o que nos movia. Acho que sempre que começar assim, a tendência é que dê certo, mas algumas decisões futuras é que vão definir quais são os frutos que serão colhidos e apontar se você estava certo ou errado.

4 – Três anos depois, você resolveu investir em um novo projeto a ConfiaNet. Como surgiu a ideia de criar uma nova startup?

Enquanto conversava com meus clientes no Pagar.me, eu entendia que transmitir confiança era uma necessidade real daquelas pessoas. Elas precisavam fazer isso para que pudessem vender mais e não sabiam como. Aí meu lado empreendedor falava alto e sempre me mostrava que havia uma boa possibilidade de negócios ali, mas que precisou ficar na gaveta até que eu pudesse me dedicar àquilo. 2 meses após minha saída da empresa, já tínhamos levantado novamente cerca de R$ 1 milhão em investimentos para ConfiaNet.

5- Quais são as soluções da ConfiaNet?

Nós certificamos e-commerces e auditamos com base nas normas internacionais de boas práticas da ISO 10008:2013 para verificar se eles são idôneos e entregam verdadeiramente seus produtos. Caso recebam nosso certificado, o mesmo será exposto no site da loja através de um selo que mostra ao usuário final que ele pode comprar tranquilamente naquela empresa, pois receberá os produtos ou serviços comprados. Esse selo traz para própria loja um aumento na conversão de vendas de cerca de 15%.

6 – Como você imagina o comércio online no Brasil daqui há 5 anos?

Vejo um mercado mais maduro, mais consolidado e com maiores conversões. Atualmente apenas 0,5% das pessoas que acessam um e-commerce fazem uma compra, isso é muito pouco. Nosso trabalho tem sido uma busca constante para aumentar esses índices e fazer com que cada vez mais pessoas comprem online. A perspectiva é boa e o setor vem crescendo a taxas de dois dígitos há alguns anos, mas é necessário entrar para trabalhar com seriedade, pois o próprio mercado está separando os bons dos maus.

7 – Qual a sua opinião sobre o ecossistema de startups no Brasil?

Acho ainda bem atrasado e com muita utopia. As pessoas acham que empreendedorismo é ter uma boa ideia e que já vão terem investidores e ganharem bilhões. A execução é muito mais importante e empreendedorismo está principalmente relacionado a gestão de pessoas e fazê-las prosperarem em suas vidas. O crescimento da empresa e dos fundadores é uma consequência do crescimento das pessoas que trabalham na companhia e os investidores aqui procuram negócios que gerem caixa e não apenas acumulem usuários.

8 – Marketing como despesa x Marketing como investimento. Como você enxerga isso, diante da crise vivida no mercado?

Acho Marketing fundamental. Toda empresa deve separar um percentual do faturamento e investir em Marketing. Olho sempre como investimento, mas se feito da maneira errada, vira despesa. Então é importante ter criatividade para inovar e fazer Marketing mesmo com pouco dinheiro, o problema é que as pessoas acham que Marketing é só para empresas grandes ou que se trata de propaganda na TV, anúncio e patrocínio de publicações em redes sociais. Enquanto houver essa mentalidade, o Marketing será visto como despesa, fora isso, creio que na crise é ainda mais o momento do Marketing atuar na companhia, porque você deve sair da posição passiva de esperar o cliente para ir à rua buscá-lo e trazê-lo para dentro de casa.

9 – Você é um empreendedor, e claro, já deve ter tido muitas ideias ao longo da sua jornada. O que faz uma ideia se tornar um sucesso na prática?

Tenho muitas ideias mesmo, mas ao contrário do que muitos pensam, empreendedores não são pessoas que têm muitas ideias se nenhuma delas prospera. Acho que não há fórmula para tornar uma ideia um sucesso, mas é importante que ao ter a ideia você busque ter uma visão de fora e confrontar muito fortemente seu conceito de negócio, pois quem tem a ideia está sugestionado a achar que ela é genial, quando pode não valer nada. Converse com as pessoas, busque o máximo de pontos negativos que encontrar na sua ideia e solucione todos. Tenha clareza de como irá monetizar isso e faça contas com premissa em dados e não em achismo.

10 – O que te move?

O que nos move são nossas motivações. Sendo assim, se alguém faz alguma coisa é porque teve um motivo para isso, dessa forma, concluo que pessoas só fazem coisas enquanto motivadas. Mas motivação não é um estado de espírito, portanto, é possível estar feliz, triste ou até mesmo chorando e ainda assim estar motivado, afinal, motivação = motivo para ação. Creio que cada pessoa precisa ter em sua vida pelo menos 5 motivos pelos quais elas acordam cedo, aguentam as pressões da vida, trabalham e realizam coisas. Sem a clareza do que te motiva, fica difícil estar motivado a grandes conquistas e realizações. Tenho diversas motivações, proporcionar o que há de melhor para minha família, conquistas às pessoas que estão comigo, mas tenho também muito prazer em construir coisas que não existem e fazê-las serem reconhecidas pelo mercado. O prazer na construção é fundamental para avançarmos. É contra intuitivo, mas aprendi que não pensar em si é o melhor jeito de pensar em si. Quanto mais egoísta você for, menos conquistas terá.

11 – Quais dicas você pode dar aos leitores do Superstorm que estão iniciando sua startup?

Tem sempre aquela coisa que é meio clichê de “acredite em você, persevere” e etc. Essas coisas são importantes, mas acho fundamental estar ciente do que verdadeiramente te leva a querer abrir uma startup. É necessidade porque está sem emprego? É querer trabalhar menos e ser seu próprio patrão? Há algumas perguntas que são necessárias que façamos a nós mesmos para que não comecemos algo com as motivações erradas, pois negócios assim estão fadados ao fracasso. Acho que há casos em que você mete a cara, sem nenhum conhecimento, e o negócio dá certo, mas se eu puder aconselhar alguém, busque mitigar os riscos do seu negócio, assim, ficará mais fácil inclusive levantar investimento. Domine bem alguma área, seja um especialista em alguma coisa, una-se a outras pessoas boas, de preferência melhores que você. Tenha sócios que você admire e não que você olhe de cima para baixo e trabalhe muito.

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